segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Médico conta como usou mensagem de texto para salvar vida de jovem

No Congo, David Nott recebeu instruções enviadas por colega de Londres. 'Sem essas informações, ele teria morrido', disse em entrevista ao G1.


David Nott, no centro, e colegas do hospital de Rutshuru, no Congo, onde ele trabalhou como voluntário.


O médico David Nott, 52, dedica todos os anos um mês à organização Médicos Sem Fronteiras. Durante esse período, quando trabalhava como voluntário no Congo, ele recebeu pelo celular as instruções que o ajudaram a amputar o braço de um garoto de 16 anos. “Se eu não tivesse recebido essas informações para fazer a cirurgia, o jovem teria morrido”, disse Nott, em entrevista por e-mail ao G1.


A operação foi realizada em outubro, mas a informação só veio a público na semana

passada. A organização Médicos Sem Fronteiras atua no Congo desde 1981, dando atendimento a vítimas de violência de guerra e também de doenças já erradicadas em outros países – no site Condition: Critical, é possível encontrar mais informações sobre a iniciativa. Usuário de tecnologia – ele diz gostar de computador, eletrônicos e usar muito mensagens de texto --, o médico considerou natural mandar um torpedo para seu colega cirurgião de Londres, pedindo ajuda. “Sabia que ele me mandaria instruções excelentes”, afirmou Nott, cirurgião vascular do hospital britânico Royal Marsden. Confira abaixo a entrevista concedida ao G1.


G1 – Como o senhor teve a idéia de enviar uma mensagem para seu colega, pedindo instruções para a cirurgia?


David Nott – Sabia que o paciente precisaria passar por uma amputação e que meu colega tinha experiência nisso. Assim, foi natural enviar uma mensagem pedindo para ele me ajudar. Trata-se de uma cirurgia muito rara e complicada. No Reino Unido, por exemplo, há somente dez casos por ano. Meu colega é um cirurgião excelente e uma das poucas pessoas que sabe como fazer esse tipo de operação, então pedi conselhos a ele.


G1 – Houve uma grande repercussão sobre o fato de o senhor ter usado instruções recebidas via mensagem de texto. Como o senhor vê isso?


Nott – Não achei que teria tanta repercussão. Para mim não foi algo tão estranho pedir ajuda via mensagem de texto. Respeito o trabalho dele [o colega que enviou as informações] e sabia que ele me mandaria instruções excelentes.


Jovem teve o braço amputado no Congo. Médico disse que, sem as instruções via celular, paciente teria morrido.
G1 – O que teria acontecido se o senhor não tivesse usado seu telefone celular como uma ferramenta para ajudá-lo nessa cirurgia?


Nott – Eu não teria conseguido os conselhos de meu colega para fazer a cirurgia e o garoto teria morrido.


G1 – As mensagens de texto lhe deram toda a confiança que precisava para fazer a cirurgia, ou de alguma forma se sentiu inseguro ao usá-las?


Nott – Me senti muito seguro, porque confiei no que meu colega escreveu.


G1 – Você enviou e recebeu as mensagens antes ou durante a cirurgia?


Nott – Recebi as mensagens 24 horas antes da operação e passei algumas horas pensando em como a faria. Tive dúvidas, que enviei via mensagem de texto e meu colega me respondeu. Não usei o telefone durante a cirurgia.


G1 – Quantas mensagens foram trocadas para a cirurgia? Pode dizer qual o conteúdo delas?


Nott – Simplesmente mandei uma mensagem de texto dizendo que um jovem precisava passar por uma amputação e se ele podia me ajudar.


G1 – Como seu colega reagiu quando você mandou a mensagem?


Nott - Ele foi muito prestativo e não houve qualquer resistência.


G1 – O senhor usa muito mensagens de texto? Para quê?


Nott – Uso muito e para tudo.


G1 – O senhor é fã de tecnologia? Qual sua relação com ela?


Nott – Gosto de usar o computador e também de equipamentos eletrônicos. Mas meu principal hobby é a aviação
do g1 e Cleiton Alves

Frase do Dia

A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem pára em qualquer topada.