Para cientistas, é possível que animais tenham orgasmo
Quando começou a estudar psicologia na faculdade, minha então namorada (e hoje querida esposa) teve um professor completamente cético em relação ao prazer sexual no reino animal. Lembro que fiquei coçando a cabeça quando ela relatou esse pedaço da aula do sujeito. Segundo o professor, apenas “o macaco” (mas qual deles? Eis aí alguém sem muita noção sobre a diversidade de primatas no mundo – existem mais de 90 espécies de macacos só no Brasil) conseguia ter orgasmos. O resto dos bichos teria de se contentar em ir para a alcova “por instinto”. Será mesmo?
Acho que temos dois problemas diferentes mas relacionados a resolver antes de considerar essa perguntinha respondida. O primeiro, e definitivamente o mais chatinho, tem a ver com o que a gente percebe subjetivamente como prazer. Como ter certeza de que aquilo que você chama de sensação prazerosa é idêntico, do ponto de vista qualitativo, ao que outra pessoa (ou animal!) sente numa situação parecida? Vamos deixar esse para depois e nos concentrar no segundo problema, mais fácil de atacar: a definição de instinto.
Minha impressão é que, nesse ponto, as pessoas comuns ainda sofrem a influência perniciosa de uma tradição filosófica que tende a ver os animais como robozinhos biológicos, os quais agem de acordo com um programa inflexível de busca por alimentação e reprodução. Desculpe, mas simplesmente não é assim que a coisa funciona no mundo real. Nós e os demais bichos podemos até ser máquinas de sobrevivência, em certo sentido, mas a diferença entre os seres vivos e os computadores burrinhos que normalmente usamos é que a programação biológica é aberta, flexível e dependente do aprendizado. Por isso, é preciso separar as causas imediatas e as causas profundas que explicam um dado comportamento.
G1
domingo, 5 de abril de 2009
Frase do Dia
A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem pára em qualquer topada.