‘Não foi coragem. Foi desespero’, diz pai que fez parto da filha em cadeira
Criança nasceu na sala de espera de maternidade em Santos.
Família reclama da demora no atendimento; parto foi gravado.
Passado o susto, o pintor de carros José Roberto de Oliveira Melo, de 31 anos, fala com alívio: “é uma sensação inexplicável você ter sua filha nos braços”. Melo realizou o parto de Roberta Vitória, na segunda-feira (2), na sala de espera de um hospital municipal em Santos, a 72 km de São Paulo. Ele não teve ajuda de médicos. A unidade de saúde alegou que sua mulher, Josete Jesus da Silva, 26, não seria internada porque havia esquecido documentos.
A mãe da menina estava sentada numa cadeira da maternidade e a família reclama do atendimento. A Secretaria de Saúde da cidade abriu sindicância para apurar a denúncia. Um parente do casal filmou o nascimento de Roberta com um aparelho de telefone celular.
O caso ocorreu na Maternidade Silvério Fontes. Na tarde de quinta (5), Melo acariciava a esposa e a bebê, que dormia. O casal estava na casa da sogra dela, em Santos, mas mora em São Vicente, cidade vizinha. “Eu tive medo. Só fiquei tranqüila, quando vi a criança nos braços dele”, disse Josete, que tem dois filhos, de 6 e 8 anos.
Segundo Melo, a médica que fez o primeiro atendimento criou problemas porque Josete estava sem os documentos e, por isso, não poderia ser internada. O próprio pintor de carros contou que pegou a moto e foi correndo buscar a identidade de Josete. Só deu tempo de chegar ao hospital e ver a mulher sentada, em trabalho de parto.
“Na hora foi uma adrenalina e depois veio o constrangimento. Eu gritava, pedia socorro. A sensação era de nervoso porque eu não sabia o que fazer. Não foi nem coragem. Foi desespero”, relatou o pai de Roberta Vitória, que nasceu com 2,7 kg. Para ele faltou “sensibilidade” por parte dos médicos.
de Carolina Iskandarian