sexta-feira, 6 de novembro de 2009

‘Não foi coragem. Foi desespero’, diz pai que fez parto da filha em cadeira

Criança nasceu na sala de espera de maternidade em Santos.
Família reclama da demora no atendimento; parto foi gravado.


Passado o susto, o pintor de carros José Roberto de Oliveira Melo, de 31 anos, fala com alívio: “é uma sensação inexplicável você ter sua filha nos braços”. Melo realizou o parto de Roberta Vitória, na segunda-feira (2), na sala de espera de um hospital municipal em Santos, a 72 km de São Paulo. Ele não teve ajuda de médicos. A unidade de saúde alegou que sua mulher, Josete Jesus da Silva, 26, não seria internada porque havia esquecido documentos.

A mãe da menina estava sentada numa cadeira da maternidade e a família reclama do atendimento. A Secretaria de Saúde da cidade abriu sindicância para apurar a denúncia. Um parente do casal filmou o nascimento de Roberta com um aparelho de telefone celular.

O caso ocorreu na Maternidade Silvério Fontes. Na tarde de quinta (5), Melo acariciava a esposa e a bebê, que dormia. O casal estava na casa da sogra dela, em Santos, mas mora em São Vicente, cidade vizinha. “Eu tive medo. Só fiquei tranqüila, quando vi a criança nos braços dele”, disse Josete, que tem dois filhos, de 6 e 8 anos.

Segundo Melo, a médica que fez o primeiro atendimento criou problemas porque Josete estava sem os documentos e, por isso, não poderia ser internada. O próprio pintor de carros contou que pegou a moto e foi correndo buscar a identidade de Josete. Só deu tempo de chegar ao hospital e ver a mulher sentada, em trabalho de parto.


“Na hora foi uma adrenalina e depois veio o constrangimento. Eu gritava, pedia socorro. A sensação era de nervoso porque eu não sabia o que fazer. Não foi nem coragem. Foi desespero”, relatou o pai de Roberta Vitória, que nasceu com 2,7 kg. Para ele faltou “sensibilidade” por parte dos médicos.

de Carolina Iskandarian

Frase do Dia

A vida é para quem topa qualquer parada. Não para quem pára em qualquer topada.