Informações sobre o distúrbio são dadas de maneira incorreta
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) concluiu que a notícia sobre o diagnóstico de síndrome de down, transmitida de maneira inadequada, equivocada ou pessimista, influencia o comportamento das mães e aumenta suas dificuldades para cuidar dos filhos.
Responsável pelo estudo, que defendeu como tese de doutorado, o psicólogo Marcos Augusto de Azevedo entrevistou 28 mães de crianças com a síndrome.Apenas seis delas haviam visitado clínicas particulares e receberam o diagnóstico ainda na gestação. Outras 22 foram a hospitais públicos e souberam da síndrome depois do nascimento dos bebês.
Mas todas, segundo Azevedo, foram informadas a respeito do distúrbio de maneira inadequada e com informações incorretas, como de que os filhos não chegariam a andar e que seriam dependentes de cuidados especiais por toda a vida.
O psicólogo explica que a síndrome não impede atividades como essas, embora possa comprometer o desenvolvimento cognitivo e ocasionar alguns problemas físicos, como deficiências no coração.
A orientação de um profissional da saúde influencia muito a opinião das mães, disse Azevedo à Agência USP:
- Se o médico falou que aquele filho será um eterno dependente, a tendência é de que a mãe se sinta desmotivada a participar do processo de desenvolvimento global do filho.
Mas apesar da criança apresentar algumas dificuldades, ela poderá andar, falar e escrever. Enfim, ser plenamente inclusa na sociedade.
Em sua tese, o psicólogo sugere que maternidades formem equipes com fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos treinados para transmitir este tipo de diagnóstico sem influenciar as mães negativamente. De preferência, apontando os potenciais de quem nasce com a síndrome.
Lucas Frasão