domingo, 28 de fevereiro de 2010

Morre bibliófilo José Mindlin

O colecionador de livros José Mindlin morreu ontem aos 95 anos em São Paulo. Ele estava internado há um mês no Hospital Albert Einstein para tratamento de uma pneumonia. O velório foi realizado até o meio da tarde e, posteriormente, o corpo foi sepultado no Cemitério Israelita, na Vila Mariana.


Empresário e bibliófilo chegou a formar um acervo com cerca de 50 mil livros, sendo considerada a maior biblioteca privada da América Latina. O charme do acervo era a qualidade das obras pinçadas por Mindlin.

Ele contou ao JC, em 2008, que iniciou a garimpagem de livros raros em sebos no Brasil e no mundo quando ainda tinha 13 anos. Em junho de 2009, doou cerca de 45 mil volumes, entre coleções e folhetos, para a USP, para a criação da biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. A Brasiliana USP é um projeto acadêmico da Universidade de São Paulo que reúne a maior coleção de livros e documentos sobre o Brasil, em um moderno edifício de 20 mil metros quadrados na Cidade Universitária, em São Paulo.

Mindlin deu depoimento na comemoração dos 10 anos da Editora da USC, a Edusc, festejados em 2006. “Sou um entusiasta da Edusc, pela preocupação que vejo na boa seleção de títulos e na qualidade de sua produção.”, ressaltou Mindlin em entrevista à assessoria de imprensa da USC e reproduzida pelo JC.

Nascido em São Paulo, em 8 de setembro de 1914, Mindlin era filho de russos e, além da paixão pela literatura, se dedicou a outras atividades. Trabalhou como repórter no jornal O Estado de São Paulo e formou-se advogado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da USP. Lá, ele conheceu sua companheira Guita (falecida em 2006), também uma amante dos livros.

Atuou 15 anos como advogado e mais de quatro décadas como empresário, sem abandonar o mundo dos livros. Fundou a empresa Metal Leve que se destacou no setor de peças para automóveis e, atualmente, é controlada pela multinacional alemã Mahle. Ele foi diretor da indústria durante 46 anos, deixando a empresa em 1996.

Aos 32 anos, financiado por um empresário, conseguiu um sócio e fundou a livraria Parthenon, em São Paulo, especializada em livros raros.

Era nos livros que Mindlin, também escritor, se completava. Seu acervo incluía raridades, como a primeira edição de Grande Sertão: Veredas de João Guimarães Rosa. Mindlin ocupou a cadeira 29 da Academia Brasileira de Letras. Foi eleito em 20 de junho de 2006, sucedendo o escritor Josué Montello. José Mindlin deixa quatro filhos, 12 netos e 12 bisnetos.



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